Na estrada, enquanto retornava de Brasília para Maceió, à janela da cadeira 35 a direita, vi a noite especular visões: era sono. Mas dava para perceber, em meio ao breu, os contornos das montanhas, quais curvas que insinuavam outras visões: não apenas um corpo escultural de uma bela morena numa propoaganda de protetor solar, mas ainda como alguém coberto enquanto dorme... ou gigantescos seres que não se explica onde estão ou foram parar, a não ser em alguns indícios esqueléticos de um tipo tal estudado por paleontólogos: encontrei os dinossauros!
As montanhas limitam o espaço: entre uma montanha e outra há uma cidade. Difere do mar que não limita mas propõe continuidade, aventura, nos atrai. Não há propagandas de protetor solar com montanhas mas sim com o mar, e com as morenas ao mar. Mas entre um mar e outro não há cidade, há mar (amar).
Quando olho pela janela o topo da montanhas, quando próximas, sempre espero surgir algo: um exército invasor, extra-terrestres, um bando indígena de filmes americanos. Em todas as viagens que faço de ônibus, a cena é a mesma em se tratando de montanhas.
Ah, se estas montanhas falassem, diria muito sobre o que não sabemos, mas na realidade elas falam, nós é que não ouvimos (e quase sempre uma impressão é mais exata do que mil teorias).
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