terça-feira, 16 de abril de 2013

ERA UMA VEZ UM LIVRO




Eu tinha um mundo
Eu tinha uma ideia
Eu tinha uma paixão
Eu tinha uma sobrevida

Eu tinha um sonho
Eu tinha o que queria
Eu tinha que ter
Eu tinha você


Um enredo, um lugar... estórias que narram minha fuga do real, um delírio, uma voz que não é a minha, argumentos, sentimentos, vontade de ser. Prefácio de tudo o que ainda não sei, sentirei. Uma breve forma de espalhar e falar a muitos de uma só vez, repetidamente. Volto se eu quiser, mas não reprimo o calar de uma estante, fria, distante, o cúmulo que acumula, que ressente o pó, o túmulo da palavra, a morte verbal. 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

INTOLERÂNCIA: UM RETROVISOR QUE ESPELHA VOCÊ





Em geral, a intolerância é uma forma de violência que explicita nossas opiniões, conceitos, visão de mundo, invertidamente. Quando não há mira no alvo, não se vê inimigo. Então o oposto vira motivos para guerra, discussões, indiferenças em vários galhos de uma imensa árvore. Religião, esporte, política, casamento, amizade, as brigas de torcida, as divergências escatológicas, o sectarismo, a homofobia, a heterofobia, a xenofobia, a aversão ou o preconceito de toda ordem regem a autodefesa. Ameaça?
Só se defende bandeiras por ideologia e nossas opiniões derivam de nossas escolhas ou preferências. Naturalmente, a vida, como aprendizado pode alargar, melhorar, podar ou até mesmo extinguir ideias que defendemos. Não obstante, nossa mutação diária exige de nós a flexibilidade, o raciocínio, a reflexão acerca dos assuntos nos quais opinamos, sobretudo respeito pela diferença e quem pensa e age diferentemente no seu direito de diferente ser.
Um dilema para mudanças de visão ou compreensão do diferente é que é fácil ler sobre o que gostamos, é fácil elogiar aquilo que já nos é convicção. Aceitamos aqueles de nossa tribo ideológica. Ao escolhermos o que nos é familiar é uma posição cômoda de nosso ego. Difícil mesmo é o oposto: incomoda, agoniza, queima a língua para mandar o verbo refurtador, metralhar a oposição.
No futebol, por exemplo, só há vencedor por que há o vencido. Muito mais que amar um clube de futebol é aceitar, respeitar, entender a importância do adversário e dele ansiar uma boa e saudável disputa, afinal, ganhar é bom e do rival ainda mais gostoso, mas nem por isso repudiá-lo ou mesmo odiá-lo.

terça-feira, 2 de abril de 2013

MEU SONHO ERA VOAR



Certo dia, ao fazer feira com minha esposa, vi um senhor com uma camisa azul marinho com o distintivo "S" do Super Homem. Tomei um susto e rememorei momentos singulares de minha vida, na infância, pré-adolescência. A camisa azul era minha grande obcessão, meu grande sonho. Lembro que eu colocava ainda um pano qualquer no pescoço e conseguia as asas para o vôo da imaginação.

Outro sonho era um par de luvas de goleiro. Meu quarto era a Vila Belmiro, (falava Vila "Delmiro") o campo do Santos Futebol Clube. Chutava a bola na parede e quando esta retornava, me jogava ao  tapete repleto de almofadas... na minha mente eu tinha barba e me chamava Rodolfo Rodriguez, o  uruguaio camisa 1 da minha saudosa década de 1980.

Não lembro de ter vestido qualquer camisa com a letra S, mas tive meu primeiro par de luvas aos 14 anos quando ainda me sentia goleiro. Logo, descobriram que tinha um imenso potencial para me profissionalizar abaixo das balizas, pois os saltos treinados desde cedo, desenvolvi rápido a função de evitar o melhor do futebol. Logo, descobriram que tinha um imenso defeito: todo meu potencial funcionava apenas para o lado esquerdo. Não conseguia saltar à bola com a mesma eficiência para o lado oposto, o que levou aos atacantes adversários a chutarem a bola sempre no mesmo lugar. Inacreditável, mas verdade plena! Tornei-me lateral direito, porém, sem êxito.

Essa ida às compras me trouxe diversas reflexões, dentre tais: quais meus atuais sonhos? Na realidade, a brincadeira de criança é mais que um sonho, é um ensaio, pois lá na frente o excesso ou a falta de brincaderias será decisivo.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

QUAL NOME TEM A SUA?



O que é mesmo felicidade?
Que nome terá? Em que fantasia se esconde?
Por que te escondes em trajes tão diversos, em ideias tão distintos?

Será que a fabricamos nos nossos sonhos, nas nossas ilusões, nos nossos anseios e delírios? Por que a materializamos nos objetos? Por que fingimos está tudo bem em tempos de suposta alegria, embreaguês?
Para que precisamos te achar em tantos baús empoeirados de mesmisse? És particular e universal, todos a querem, cada um a tem singularmente. Parece estranho que não consigamos te alcançar enquanto vivos, como quem jamais te tocará sem antes abrirmos mãos de te nossas próprias razões, opiniões, saberes. Sabe? Nada parece ofuscar a certeza de que és a única em que se firmam as esperanças dos sábios e dos estúpidos. És forte aos olhos dos mais velhos mas um brinquedo nas mãos das crianças. Ah, sim, elas te tem, mas te perdem aos poucos.

Quando te colocam abaixo do travesseiro, a te chamar de esperança, ficas em silêncio e tudo se revela no íntimo, não de te deixas vencer: ao erguer uma taça de campeão, ao ver a banda de rock favorito, ao chegar quem estava muito longe, ao superar um trauma, ao vencer o câncer, ao chover na secura do sertão, ao saber que mais um dia é possivel em acordos de paz... e tu felicidade, quem a faz feliz?

sábado, 9 de fevereiro de 2013

LA JEUNESSE!

O que é adolescência? Um novo caminho, desconhecido, protegido pelas folhagens, com suas armadilhas ao olhar atento de um escoteiro. É a vida que, em poucos anos, se resume numa efervescência a cada segundo, uma catarse a cada neurônio criado, uma avalanche de vontade, inexperiência, olhos arregalados às novas descobertas.

Ponderar e refletir? Nem pensar!
Subir o morro das aventuras a qualquer custo. O proibido? Esse sim a conquista maior! O doce veneno da inquietação, o mundo visto e interpretado a vontade, à sua própria medida, como se não houvesse a história e nela tudo que ocorreu para nada serve, para nada serviu, pré-homem servil ao umbiguismo totalitário, de prazer e desordem, cria a sua, sua ao correr sem do lugar sair, e na imaginação tudo é sorriso, desdém e hormônios. E pra quê serve a erva? A gíria é o que alegra.

Jovens: mais vale um na contramão do que dois voando.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O TREM (uma 'quase poesia')


Corre a vida
Correm as árvores
Correm as vacas, corre, escorre em velhos trilhos

Corre parado
Corre contido
O mundo passa depressa em velhos ritos

Já não corre tanto
Vai parando, calando pranto
Vai chegando vai chegando
No ritmo de todo canto... eu ando, eu ando.

Para a vida, param as árvores,
vacas, amores contiguos,
a estação em velhos
trapos



A fumaça da Maria anuncia meu amor
Corre mundo e eu parado a vapor!

(imagem do site: olhares.sapo.pt)

sábado, 26 de janeiro de 2013

AMAR É SUPERAR



Quando da dor, da lágrima, sofrimento, se vê muito além, o futuro se abre como quem chega ao topo da montanha e contempla o mundo, um clarão de verde, nuvens, paisagem. O suor do esforço ao chegar, o tombo a abalar mas não cair, guerra que não se perde, vitória aos alcanse das mãos pela superação, pela raça e em nada é substituida a não ser o coração e a alma no limite que por si sobrevivem!

Há muito mais por vir quando muito dói, e se assim é não tarda o sorriso aparecer. Recompensa pelas marcas e feridas que disfigura, desmancha, despenca num triste olhar que se esvai; magoa, flutua na mente suas razões sem que hajam motivos para o dia acontecer... na janela que escorrem as gotas dessa chuva, escorre também a história que a lembrança e a saudade já se repetem, não se esquece.

Um dia amanheceremos aos cantos de pássaros, sol vibrante de uma primavera qualquer. Um novo rumo, pois o caminho está a se seguir, as nuves carregadas já não se virão! Amar é superar.