A discussão continua: um beijo numa cena de novela ou filme é real ou apenas uma representação? Como não (con)fundir as palavras ditas de um script sem que a vontade de dizê-las não seja real? Uma xinga, um elogio... "brincadeiras de dizer a verdade" como dizia o inesquecível Chaplin.
O roteiro espelha anseios, delírios, sentimentos de (e para) alguém. A catarse que se mistura a vida lá fora, e depois de girar o talher, chá e açúcar tornam-se um: o gosto. A tragédia anunciada, a ópera buffa aplaudida e os neurônios aceitam tudo uniformemente, o reflexo espelhado também é vida.
O Heath Ledger (ou o implacável Coringa) rompeu as fronteiras entre a vida e o delírio. O conto é o que se vive contido, afinal o nariz de palhaço, a máscara, é o medo de revelar-se, cair por terra a sensação de está escondido e ninguém o-vê, o-reconhece. Uma personagem, um pretexto para se expandir, a mímese que explica nossa farsa.
Um outro eu escreve e é fácil dizer que é só um (pre)texto, que nada disso é real, é só um punhado de letras combinadas que se finge e se fantasia de idéia. Pura abstração.
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